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Marcos Piangers: Tecnologia não pode sobrepor o diálogo e convívio familiar

O jornalista e escritor Marcos Piangers é o típico sujeito descolado, bem-humorado e de sorriso fácil. Que está conectado às modas pós-modernas, que é campeão de audiência nas redes sociais e que acompanha dedicadamente as irreversíveis tendências de um mundo cada vez mais digital e instantâneo. Mesmo assim, o autor do best-seller O papai é pop não abandona condutas que para alguns é coisa do passado. Durante a terceira das quatro palestras do Conexão Acic 2017, na noite de segunda-feira no Anfiteatro Emir Sfair, a mensagem de Piangers foi clara: a tecnologia é sim algo muito bom e bem-vindo, mas que não pode se sobrepor ao diálogo e ao convívio familiar.

Mesmo uma pessoa que sempre prezou pelo convívio com os pais e os parentes, o jornalista aprofundou ainda mais seus conceitos de valorização familiar depois que virou pai. Ele tem duas filhas pequenas e conta em livros de sucesso aspectos de uma relação que, segundo ele, só é capaz de sentir em toda a sua essência e plenitude quem dela tem a chance de experimentar. “Valorizar a família e tudo o que dela provém é e será sempre a coisa mais importante da vida. Muitos, devido ao trabalho ou por priorizar outras coisas que julgam importantes, percebem isso muitas vezes mais tarde do que gostariam e em casos extremos se atentam a essa realidade quando uma possível crise virou algo incontornável”, afirmou.

É da convivência com as duas filhas que Marcos Piangers extrai ideias que lhe possibilitam renovar conceitos sobre muitas coisas. “O olhar infantil é muito interessante e útil. E ele pode ser adaptado para os mais diferentes setores da vida, inclusive de uma empresa”, diz o jornalista. Nesse caso, basta que um departamento que esteja com um problema difícil o repasse para a análise de outro que, sem o mesmo conhecimento e ligação com o objeto, poderá oferecer como resultado uma solução simples e fácil que o anterior não havia sequer considerado. Piangers entende que todos somos criativos e que essa experiência é mais forte nos primeiros anos de vida. Com o tempo, os limites são impostos pelos pais, pela escola, pelos chefes e pela própria sociedade. “O sistema faz com que as pessoas deixem o exercício da criatividade de lado”.

O jornalista dirigiu um questionamento às mais de 750 pessoas presentes à palestra: Qual é a importância de ser criativo? Problemas, impasses e a busca pela constante superação são combustíveis para a criatividade, que conduz a invenções, à formulação de hipóteses e a experimentações científicas que explicam fenômenos que tornam a vida e seus mistérios mais compreensíveis. A humanidade vive o auge dos avanços do conhecimento que produz, mas o limite é muito além, e talvez nunca se chegue ao fim do real potencial da capacidade inventiva das pessoas. Já existem lojas sem atendentes, supermercados sem caixas, carros sem motoristas e aeronaves sem tripulantes. “Isso só para citar alguns exemplos, mas as novidades são intensas e muitos dos empregos convencionais estão deixando de existir”.

Com as tecnologias criam-se novas oportunidades e trabalhos jamais pensados, mas o processo de transição gera dúvidas, desequilíbrios e transtornos. “Somos a última geração que cresceu sem o contato direto com a internet”, diz Piangers, que citou seis passos para se manter criativo. São eles: encontrar inspiração para ter vontade de criar, organizar um ambiente ideal de produção e trabalho, cultivar o bom-humor, ter boas referências, ser ousado e aprender com as startups, novo modelo de empresas de onde brotam revoluções que moldam modos de viver e agir no mundo pós-moderno. As ideias e a criatividade, segundo o jornalista, têm campo fértil em conexões, interações e viagens. E citou os três cês da criatividade: carro, cama e chuveiro.

Diálogo

Mesmo atento ao que há de mais apurado em tecnologias de comunicação da atualidade, Marcos Piangers surpreendeu ao dizer que em casa, com a família, os equipamentos eletrônicos e a TV ficam desligados na hora das refeições. “Lá, o que temos é diálogo e interação. Esse é um hábito que nos faz humanos e que não pode ser perdido. É nesses encontros que nos integramos como famílias, que ficamos sabendo de problemas e de pequenas conquistas de cada um. Enfim, esses são momentos nos quais uma família tem a chance de ser verdadeiramente uma família”, ressaltou o jornalista.

A tecnologia é fundamental para avanços em eficiência, à superação de limites e problemas, mas não é a mais indicada ferramenta para a interação humana, considera Piangers, dizendo que autonomia, desejo de aprender e saber que o que faz está conectado a algo maior são indutores de criatividade.

Legenda: O jornalista Marcos Piangers é autor de livros que narram seu cotidiano com as duas filhas

Crédito: Assessoria

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