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Desafios e oportunidades de um futuro que já chegou

O futuro, que para alguns pode parecer assustador, para outros é uma chance de ouro para a espécie que pensa e empreende. Há ainda os que enxergam as mudanças em andamento como uma imensa vitrine de oportunidades e lucro. É um pouco disso que o consultor e professor da Fundação Getúlio Vargas, Arthur da Igreja, falou a empresários e a empreendedores durante o lançamento da décima edição do Conexão Acic, ciclo de palestras que trará quatro personalidades em setembro a Cascavel.

Arthur começou sua exposição com um alerta. De que ao contrário do que muitos pudessem pensar, as informações que apresentaria não são projeções para daqui a 15 ou 20 anos. São mudanças que já acontecem em um marco temporal que ele definiu como passado recente. O século 20, até então considerado de grandes invenções e vitórias da espécie humana, torna-se pífio diante das possibilidades que surgem no 21. “No século passado, tivemos invenções que impactaram o jeito como somos e vivemos, mas o que experimentamos nas últimas duas décadas é no mínimo exótico”, afirmou o professor.

Há menos de cem anos, as casas e empresas passaram a abrigar banheiros em seus projetos arquitetônicos, foi descoberta a penicilina e o homem foi à lua. O horário de expediente, das 8h às 18h, foi definido como uma convenção social para que as pessoas pudessem se encontrar e definir estratégias de trabalho e busca de resultados. “Hoje, esse tipo de coisa não faz qualquer sentido. Todos estamos conectados em tempo real pelas novas ferramentas produzidas pela tecnologia”, ressaltou Arthur. A grande transformação atual é resultado da internet, que começou a se popularizar no mundo a partir de 1996.

Outras invenções consideradas geniais são ainda mais recentes, como o Uber, que mudou completamente a forma como as pessoas se locomovem em centros urbanos. Há 15 anos, não teria como pensar em um modelo de negócios assim, mas com três invenções que surgiram em intervalo de apenas sete anos, tudo mudou. O tripé do Uber são o GPS, criado em 2003, o smartphone, em 2007, e a internet no celular, em 2010. “O que é esquisito em um dia, vira febre e realidade no outro”, segundo Arthur. Ele deu outro exemplo que terá forte impacto nos negócios, a impressora 3D, que passou a produzir brinquedos em 2008. Hoje, ela fabrica peças de aviões e se ajusta a mais de 400 tipos de materiais.

Com uma impressora 3D é possível fabricar qualquer coisa do lado da sua casa. Não é necessário mais trazer uma peça de fuselagem dos Estados Unidos. Agora, alertou o professor, imagine-se a mudança que isso provocará em uma imensa cadeia de transporte de cargas, consequentemente aos empregos que ela gera. A cadeia de transportes e de armazenagem responde por 16% do PIB norte-americano e no Brasil o percentual é ainda maior. Essa revolução tem uma explicação simples, afirmou Arthur: nunca foi tão barato e democrático criar um grande negócio. Há algumas décadas, o investimento necessário era de US$ 500 mil; há poucos anos era de US$ 50 mil e hoje é possível desenvolver um startup com apenas US$ 5 mil.

A Nike precisou de 24 anos para ter valor de mercado de US$ 1 bilhão. O mesmo caminho foi percorrido pelo Google em oito anos e em seis pelo Facebook. Já existem empresas que alcançam essa marca impressionante em apenas um ano. Somente nos últimos três anos, 185 empresas, que passam a redefinir como as pessoas vivem, consomem e se comportam, chegaram juntas a valor de mercado de US$ 1 bilhão. Pesquisa recente diz que 51% do tempo das pessoas já é dedicado à conexão com algum tipo de plataforma tecnológica e que se passa 92% do dia perto de um celular. “Não há dúvidas, as empresas precisam estar no mundo digital”, enfatizou Arthur da Igreja.

Recorde

Alguns números mostram ainda mais claramente o grau de novidades que as atuais gerações experimentam. O telefone demorou 75 anos para alcançar 50 milhões de usuários. O rádio precisou de 35 anos e a internet, três anos – hoje ela tem mais de quatro bilhões de pessoas conectadas no mundo. O jogo digital Angry birds levou 35 dias e o Pokémon go precisou de apenas 19 dias para ser febre entre 50 milhões de usuários. A tecnologia avança a um ritmo alucinante e influencia todos os segmentos. Os carros convencionais têm em média 2,5 mil peças, já o elétrico Tesla tem apenas 17. E mais, a empresa do visionário Elon Musk oferece garantia vitalícia e os seus modelos podem abastecer de graça em estações bancadas e espalhadas pela própria empresa pelos Estados Unidos.

Em 2003, o mapeamento do genoma humano exigiu US$ 3 bilhões para ser feito e depois de apenas seis anos era possível ter em mãos um extrato do código genético por US$ 1 milhão. Agora, um aplicativo norte-americano oferece o serviço pela bagatela de US$ 150 e o resultado é enviado para o celular em apenas um mês. Com esse estudo em mãos, é possível, por meio das predisposições apuradas na leitura do DNA, tratar de doenças dez anos antes de elas começarem a se manifestar. Em no máximo cinco anos, segundo Arthur da Igreja, será possível contratar esse serviço por aplicativo na internet ao custo de US$ 10. A Michelin, uma das gigantes na fabricação de pneus, já tem planos na França que vendem quilômetros rodados e não mais pneus e a Amazon, devido a uma nova configuração de parcerias, entrega qualquer item encomendado em no máximo 24 horas em qualquer lugar.

Empresas

O professor Arthur informou que sua abordagem não busca amedrontar, simplesmente mostrar às pessoas que um novo mundo chegou e exige novas posturas. O susto é muito maior pelo volume de oportunidades que ele oferece do que pelos riscos ou pelas consequências que trará. Só vai ficar desempregado, disse ele, quem ficar parado e não se integrar a esse novo universo. E encerrou com uma frase do criador do Facebook, o multibilionário Mark Zuckerberg: “O maior risco é não assumir nenhum risco. Em um mundo que está mudando rapidamente, a única estratégia que certamente vai falhar é não correr riscos”.

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