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Amyr fala de planejamento, perseverança e aventura

 

Com a simplicidade dos grandes, o entusiasmo de uma criança e a lucidez dos gênios, Amyr Klink escreve com cores vibrantes a sua passagem pela história. O homem das grandes expedições esteve em Cascavel para encerrar o Conexão Empresarial na noite de terça-feira, ciclo de palestras que completou com êxito a sua nona edição. Diferente dos teóricos e dos conselheiros de gabinete, Amyr é daqueles que pavimentam com as mãos o caminho pelo qual deseja andar.
Economista, Amyr passou a morar ainda jovem em uma área de forte influência natural, Paraty, no litoral fluminense. Ali, teve os primeiros contatos com os fundamentos que moldaram a sua história de vida. Descobriu os encantos do mar e se apaixonou pela arte da fabricação de barcos. Observador, Amyr é daqueles que colocam a mão na massa e que, com estudo e dedicação, conseguem melhorar o que já parecia ser bom.
Mesmo sem dominar alguns fundamentos, construiu a casa que preserva até hoje. Um refúgio sem energia elétrica e onde a geladeira é movida por um motor a gás. Apesar de distante dos recursos da modernidade, ele diz viver no ponto mais conectado do mundo. “Saio com meu barco, viro à esquerda e posso seguir para onde quiser, para a África, para Nova York e para a Antártica”. O desejo de aprender a remar começou ainda na juventude. Orientado por um técnico conservador, ele precisou provar que queria mesmo se entregar aos mistérios da arte.
Antes de pegar em um remo e aprender as primeiras lições para dominar uma embarcação, ele precisou correr 15 quilômetros diariamente por cinco meses. “Nado mal, tenho medo de me afogar, mas sempre fui fascinado pela navegação”, disse Amyr para um público hipnotizado por uma história de aventuras extraordinárias. Para satisfazer seus desejos de superação, ele precisou levar ao extremo o corpo, a sua dedicação por conhecimentos específicos e a disciplina de permanecer por longos períodos longe da civilização, das pessoas e da família.

Sete mil km
Uma das primeiras aventuras de Amyr em mar aberto é também uma das mais improváveis. Ele viu no noticiário a experiência de dois jornalistas que queriam cruzar o Atlântico a remo. Os dois, mesmo preparados, acabaram morrendo. Determinado, ele fez com sucesso uma rota de sete mil quilômetros em menos de cem dias e chegou no destino com 25 quilos a menos. São 42 as viagens à Antártica, aventuras que recheiam páginas de livro que se tornaram grande sucesso de venda e de crítica.
Amyr foi a primeira pessoa no mundo a se debruçar sobre um emaranhado de coordenadas, informações e mapas cartográficos para entender profundamente sobre as correntes oceânicas. O aprendizado fez com que ele questionasse histórias imortalizadas em livros, inclusive quanto ao próprio descobrimento do Brasil. Não foi em 1.500, garante ele. Essa data foi estabelecida às pressas e por decreto, mas a verdade é outra. Os portugueses, reconhece ele, eram sim grandes navegadoras e tinham amplo conhecimento sobre travessias oceânicas, mas a rota percorrida para o descobrimento tem diferenças às largamente anunciadas.
Mesmo com o êxito de suas expedições, Amyr afirma que jamais venceu o Atlântico, e que sempre negociou com o mar. “É o percurso que ensina a melhorar, a ajustar os planejamentos mais rigorosos e que aperfeiçoam o processo”. Uma das atitudes que as pessoas devem ter, para perseguir e realizar os seus sonhos, é em algum momento da vida deixar de olhar a fotografia e se colocar dentro da paisagem. Além de dominar os segredos da arte da navegação, o economista se revelou um construtor de grande talento. Ele fabricou a maioria das embarcações que empregou em suas viagens e fez da atividade um negócio que administra 300 barcos em Paraty e que dá ocupação a 650 pessoas.

Detalhes
As expedições trazem lições valiosas e ensinam a importância do compartilhamento em uma empresa e em uma comunidade. “Você só percebe o real valor do outro quando é obrigado a executar um enorme volume de tarefas sozinho”. Emprego, casamento e dinheiro têm significado pouco convencional na cabeça de Amyr. Tanto que nenhum deles foi empecilho para que ele perseguisse seus sonhos. “Disseram que eu pararia de navegar depois que casasse. Provei o contrário, já que fiz 33 viagens aos polos depois de me unir a Marina, algumas inclusive com as nossas três filhas”, afirmou.
Amyr relevou também qual foi a viagem mais difícil que já fez. Foi aquela em que se propôs a contornar a Antártica. Há enormes icebergs e pequenas porções de gelo em todo lugar, o que representa riscos adicionais diante de mares agitados e ondas grandes. O maior perigo se esconde sob a água e exige atenção redobrada, são pequenos pedaços de gelo que podem, no menor contato, romper o casco da embarcação. Ele concluiu o percurso em 88 dias e seis horas, cinco abaixo do previsto.
O navegador deu um recado com os olhos voltados para ao futuro: o caminho é o do compartilhamento. A solução para os problemas, inclusive os do Brasil, passa pela discussão ampla e conjunta, pela busca da solução mais lógica e definitiva e pela sinergia na execução. “Nosso país precisa se voltar mais para a excelência”, afirmou.
Patrocinadores do Conexão 2016: Ecocataratas, Funcional Consultoria, Sebrae, Sicoob, Unimed, Sicredi e Gráfica Positiva.

 

Legenda: O navegador e economista Amyr Klink encerrou a nona edição do ciclo de palestras da Uniacic

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