Notícias


Imagem Notícia

Vício de origem compromete projeto da segunda ponte

nilsorafagninacic siteA localização que o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) defende como ideal para a construção da segunda ponte entre Brasil e Paraguai é uma herança ainda do período militar. Vem de uma época bem diferente da atual e quando o turismo não tinha o apelo que tem hoje. A proposta, que esbarra em um conjunto de 21 irregularidades, sofre de vício de origem, informou na manhã de terça-feira, durante reunião de diretoria da Acic, o arquiteto e presidente da Fundação Iguassu, de Foz do Iguaçu, Nilso Rafagnin.
Nilso visita entidades e autoridades da região para defender uma soma de forças que possa, de acordo com ele, corrigir um equívoco que poderá custar caro ao Oeste e à tríplice fronteira. A situação hoje é bem diferente daquela de 40 anos atrás e o diálogo, que o Dnit ignorou, teria evitado problemas judiciais, o cancelamento do edital da obra, atrasos no cronograma e custos adicionais ao governo. "Somos a favor sim da segunda ponte, que é necessária e urgente, mas não nos moldes unilaterais como defende o governo federal", afirma Nilso.
A proposta do Dnit é a construção de uma ponte com um único modal, o rodoviário, e a partir da região do marco das três fronteiras, considerado um dos mais belos cenários turísticos do mundo. O presidente da Fundação Iguassu afirma que a ponte, em vez de modal, deve ser bimodal, contemplando também o transporte ferroviário integrando ainda com mais força parceiros do Mercosul. O custo com a bimodalidade não eleva muito o valor da ponte, hoje orçado em R$ 194 milhões.
Um dos erros técnicos do Dnit está no local pretendido para a construção da segunda ponte, entre Foz e Porto Presidente Franco. A função dessa estrutura é dar suporte principalmente ao tráfego rodoviário pesado e, caso o atual projeto persista, seria necessário atravessar toda a cidade para chegar ao ponto de interseção desejado. O ideal é construir mais ao norte, próximo à Itaipu e à Unila, onde já existe infraestrutura, dos dois lados para dar suporte à futura ponte. "Além de mais lógica, sensata e tecnicamente viável, essa opção custaria bem menos aos cofres públicos", diz Nilso Rafagnin.
Um documento elaborado pela Fundação Iguassu, entidade organizada que trabalha sob os pilares da cidadania e do desenvolvimento sustentável, aponta 21 falhas no projeto defendido pelo Dnit. Entre elas estão a inconsistência dos estudos de impacto ambiental, a ausência de justificativa técnica para o local escolhido e os danos que poderão ser provocados à região do marco das três fronteiras. A proposta da Fundação Iguassu é estabelecer um amplo debate sobre a integração trinacional, com anel viário e conexão entre os três aeroportos - Foz, Cidade do Leste e Porto Iguaçu.
Esse projeto, conforme o arquiteto, ajudaria a viabilizar as obras de transposição da barragem de Itaipu, a partir da bimodalidade em parceria com a hidrovia. Com isso, teríamos uma conexão até o Oceano Pacífico, que conecta 65% do mercado mundial. Nilso, embora reconheça que o Dnit possa preparar e lançar um novo edital para as obras da segunda ponte, afirma que o órgão terá dificuldades em sanar todas as irregularidades e problemas tecnicamente apontados e que são considerados graves.

Legenda: O coordenador de Comunicação da Acic, Caio Gottlieb, Nilso e o presidente José Torres Sobrinho

Crédito: Assessoria

Voltar