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Na filosofia, as perguntas são mais importantes que as respostas. E algumas estão em suspenso há mais de dois mil anos. É o que ocorre com um antigo questionamento formulado pelos Pré-Socráticos: Por que existem as coisas e ainda elas mudam? A mudança foi o centro da palestra do doutor em Comunicação Social Dado Schneider, a segunda da quinta edição do Conexão Empresarial organizado pela Uniacic, a Universidade Corporativa Empresarial da Acic.
O marco temporal empregado por Dado foi o ano 2000, e 40 anos antes e 40 no futuro. "As novidades são tão intensas que deixam, pelo menos quem nasceu no século passado apreensivo e com a sensação de estar perdido", afirmou. Ele disse que as crianças da novíssima geração, chamada Z, foram abduzidas. "São de outro planeta. São tecnologicamente avançadas e aos cinco falam coisas que nós, que hoje temos 40, 50 anos de idade, não falávamos aos dez". É uma outra era na qual grande parte da população ainda sonha com coisas do passado.
Dado se referia, no conceito de vendas, à fidelização do cliente, ao adversário agressivo e a certos conservadorismos. E decretou: Vai pior, porque mais duro que a realidade somente as perspectivas. O século 21 é o tempo dos profissionais de alta performance, que trabalham duro e que, ao contrário dos seus antecessores, não terão regalias, como sala exclusiva, secretária e carga de trabalho reduzida. "Não há mais espaço para amadores e para gente que faz de conta que trabalha. Os novos tempos são dinâmicos e dos mais exigentes a quem precisa ganhar a vida vendendo seu talento para alguém".
Para quem é do século passado, afirmou Dado Schneider, há apenas uma fórmula para se dar bem neste novo contexto: livrar-se dos resquícios do passado e esquecer que é um ser originalmente analógico. É preciso aderir às revoluções tecnológicas com a mente aberta e aliar experiência e novos conhecimentos o transformará em um competidor de respeito. Ele usou o próprio exemplo para definir a urgência da mudança: "Fui aprender a baixar música e filme há apenas três anos. Hoje, procuro estar antenado a todas as novidades. Inclusive, deixei de operar com e-mail, porque a novíssima geração não gosta da espera que esse recurso provoca. Eles querem tudo instantâneo".
Quem resistir à mudança terá dificuldades de se manter ativo em um mercado tão intenso. "E isso vale para profissionais e para empresas", ressaltou Dado. Uma dica é, além de trabalhar muito e se reciclar, ser curioso. É procurar sempre estar um passo adiante. O cliente quer respostas rápidas e idade deixará, logo, de ser qualquer critério no mundo do trabalho. O que passará a contar é mentalidade. A nova geração, segundo o doutor em Comunicação, traz algumas virtudes imperiosas, como ética, responsabilidade e forte apelo às questões ambientais e de socialização.

Hierarquia
Embora o sistema de criação e formação ainda não tenha mudado, todos têm de dar satisfações aos pais, professores e chefes, as relações estão diferentes. Crianças e adolescentes, não chamam mais de senhor, e sim pelo nome e, assim, estabelecem uma relação de igualdade. As afinidades passam a ser ditadas pelos gostos e ambientes frequentados, a exemplo do fenômeno que produzem as redes sociais. Por outro lado, um dos desafios da geração X é inteirar-se sobre o mundo, acompanhar o noticiário e estar minimamente informado.
O cenário é de pressão e estresse e quem souber suportar essas exigências vai ser premiado com mais trabalho e responsabilidades, segundo Dado. O mundo deixa de viver a era dos vínculos e passa ao tempo do ficar. Por isso, reafirmou: Pior que a realidade somente as perspectivas e vencerá aquele se entender e souber se adequar melhorar às mudanças.

Legenda: O doutor em Comunicação Dado Schneider durante a segunda palestra do Conexão em Cascavel
Crédito: César Machado/Vale Press