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Dinâmica do perdão

A mágoa está na origem de 78% das doenças

 

 

A vida é a maior das dádivas, uma oportunidade para experimentar, aprender e ser feliz. Esse é um dos principais conceitos desenvolvidos e alçados à escala de mandamento pelos antigos gregos, os pais do pensamento moderno. Mesmo dois mil e quinhentos anos depois, o sentido dessa frase emblemática tem mais êxito no papel que no mundo real. Mas há sim meios de viver bem e de aproveitar melhor e com intensidade o prazer de viver e de ser feliz, disse durante o 3º Encontro da Mulher Empresária a psicóloga Maria Aparecida de Souza Rabaiolli.

Para um público de 130 mulheres, de todas as idades e carreiras diversas, Maria Aparecida fez reflexões e deu conselhos que, se colocados em prática, permitirão que elas vivam melhor, com mais saúde e disposição. A encenação de uma prática comum entre os etruscos durante o domínio romano criou o fio condutor da temática aprofundada pela psicóloga. Com um pesado boneco de pano amarrado às costas, ela representou um ritual de punição que era comum e dramático.

O assassino era obrigado a carregar o morto pelo deserto. E só poderia retornar, o que raramente ocorria, depois de perder o corpo, que se soltava aos poucos e aos pedaços apenas depois de muitos dias de caminhada. “Precisamos tirar esse peso de nossas costas, mas para isso devemos estar dispostas a fazê-lo. E tudo depende apenas de uma decisão, firme e comprometida”, ressaltou Maria. A psicóloga apresentou números de pesquisas que mostram a influência da mágoa principalmente no cotidiano das mulheres. “O rancor e a vingança são a origem de 78% das doenças”. E ela questionou: “É melhor viver bem ou ter razão”.

Perdão

O conteúdo e as frases de efeito que a psicóloga emprega em suas palestras não foram apenas extraídos dos livros e garimpados dos inúmeros cursos que frequentou. Ela é dona de uma história de vida difícil e compartilhada por muitas mulheres. Desde bem nova, Maria convivia com o profundo rancor que cultivava do pai, homem que ela afirmou ser dependente de álcool e que agia com extrema violência. “Cheguei a alimentar pensamentos cruéis na tentativa de me livrar daqueles sentimentos que tanto me consumiam”. Ela casou, estudou e teve filhos. Somente anos mais tarde, depois de muitas reflexões e de mudanças na sua forma de ver e viver a vida, Maria conseguiu superar o passado e fazer as pazes com a felicidade.

O princípio da mudança, de uma vida de sofrimento, tristeza e desconfiança para uma de alegria e realizações, vem da decisão de aceitar e aprender a perdoar, acentuou a psicóloga. Perdão vem de perda, como conta a história de punição praticada pelo antigo povo etrusco. Maria falou de aspectos associados à neurociência e do poder da mulher de alimentar pensamentos que, em boa parte das vezes, não passam de ideias sem qualquer conexão com a realidade.

A psicóloga utilizou uma frase do psicanalista Augusto Cury para ampliar a compreensão do conceito: “80% do que pensamos nunca vai acontecer”. Maria informou que gerir pensamentos, ter paciência e estabelecer diálogos francos conduzem a uma vida mais leve e feliz. “Perdoar é do alto. Ter mágoa é do humano”, disse ela, afirmando que perdoar é um gesto de grandeza. É uma tomada de decisão e uma atitude. Do que adianta viver doente, sob o efeito de remédios só por que se quer ter razão em tudo, observou a psicóloga. E então ela afirmou: “Alimentar a mágoa é viver em uma prisão imaginária da qual não se sabe como sair”.

Maria conduziu o tema sob aspectos psicológicos e não físicos. Ela reconhece que há casos de doenças que precisam da ajuda médica e de remédios. Mas assinalou que boa parte dos problemas de saúde simplesmente não existiria se a mulher entendesse e praticasse o perdão com discernimento e humildade. “O perdão não é para o outro, é para você. Desde que pedi perdão ao meu pai por ter sido desobediente e intolerante, transformei-me em uma nova mulher”, afirma a psicóloga.

O perdoar exige também sinceridade e transparência. Ele é o domínio sob a vontade e a razão e precisa ser praticado em casa, na frente dos filhos, para que eles também percebam e pratiquem a arte do perdoar. O 3º Encontro da Mulher Empresária foi organizado pela Acic, Acic Mulher e Sicoob Credicapital.

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