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As aventuras de alto risco do jornalista que é o protagonista das suas histórias

Qualquer pessoa é muito mais forte do que pensa e ela só descobre isso quando se determina a superar os seus limites. Essa é a síntese da terceira palestra do Conexão Empresarial 2015, realizada na noite de terça-feira, 29, no Anfiteatro Emir Sfair. O jornalista Clayton Conservani deu depoimentos emocionantes das aventuras extremas que vive nos últimos 19 anos com a missão de colocar o telespectador em lugares que ele dificilmente passaria férias com a família.

O relato de Clayton permitiu que cada um dos presentes fizesse uma íntima reflexão de como tem se portado ultimamente. “Os que estão bem costumam reclamar de tudo. Quem realmente está em dificuldades serra os dentes, baixa a cabeça e trabalha duro. É isso o que eu procuro fazer”, afirmou o jornalista, que desde 1996 atua na Rede Globo e atualmente apresenta o programa Planeta Extremo.

Clayton não é do tipo que conta a história dos outros ou que se promove às custas de suas equipes. Grande parte da dose de adrenalina, de sofrimento e de perigo das incursões que mostra em suas reportagens é o próprio Clayton quem suporta. Dono de serenidade e humildade pouco comuns, o jornalista detalhou com simplicidade e detalhes as suas mais perigosas expedições. Em duas décadas de experimentações compreendeu que o grau de capacidade de cada um está na vontade, na decisão de agir e de controlar o corpo e a mente.

Nos primeiros anos do programa, devido aos elevados custos, a equipe se resumia a um único integrante. Além de enfrentar as provas de resistência e de perigo às quais se submetia, Clayton precisava fazer as imagens e gravar as sonoras do material que, depois de editado, seria levado ao ar. “Em alguns momentos, a situação era tão grave, que eu pensava que não havia solução, mas sempre encontrava, dentro dos meus pensamentos e na solidão do percurso, forças para dar o próximo passo”. Em uma das passagens, em uma corrida na Antártica, ele encontrou o ânimo de que precisava fazendo um depoimento emocionado à filha.

Riscos extremos

Com o apoio de imagens exibidas em suas reportagens, Clayton contou sobre expedições que o filho de um químico da região de Rezende, no Rio de Janeiro, fez aos quatro cantos do mundo. Em 2005, o jornalista se aventurou, ao lado de dois amigos, no Everest, a maior montanha do mundo com 8.848 metros de altura. A expedição durou 79 dias e os brasileiros chegaram aos 7,7 mil metros.

O clima no Everest é tão hostil que aos 5,4 mil metros o ar é rarefeito a ponto de fazer parecer que a pessoa está respirando com um único pulmão. Com recursos e estrutura limitados, o desafio ensina coisas que parecem improváveis. “Sem banho - quando ocorre se resume ao conteúdo de uma pequena caneca -, a pessoa aos poucos se transforma em maltrapilho. A aparência e as roupas são lentamente fadigadas pelo clima implacável da região”. Escalar é como gerenciar uma empresa, exige capital, planejamento e superação de metas.

Um dos membros da expedição original de Clayton voltou ao Everest no ano seguinte. Convidado, o jornalista recusou porque tinha outros desafios agendados. Vitor Negretti foi o primeiro brasileiro a chegar ao cume sem o auxílio de cilindros auxiliares de oxigênio. A expedição exigiu tanto que Vitor não teve forças para retornar e morreu. Ele foi embrulhado na própria barraca e o corpo continua até hoje perto do topo da mais perigosa e sedutora montanha do mundo.

Vulcão e deserto

Tão difícil quanto chegar ao topo é se manter nele, disse Clayton, ao relatar outras de suas aventuras. Em parceria com pesquisadores da Nasa, o jornalista, agora ao lado de uma equipe de profissionais, esteve em uma ilha do Pacífico para filmar a cratera do vulcão mais ativo do mundo. As imagens são impressionantes. Elas mostram Clayton dentro da cratera, protegido por uma roupa especial e agarrado a um cabo. Ele ficou a apenas alguns metros de um imenso mar de lava. Lá, apanhou pedras incandescentes e cinza que foram analisadas pelos cientistas.

Duas aventuras extremas ocorreram em cenários opostos. No frio da Antártica e sob o sol escaldante do Saara. As duas foram corridas de longa distância e, além de exigir o máximo do preparo, castigaram profundamente o corpo do jornalista. Na neve, precisou conviver com as dores de um dedo severamente afetado pelo tênis que usava e, no deserto, correu durante sete dias em temperatura na casa dos 50 graus. Ele percorreu em condições precárias os 246 quilômetros do trajeto. Uma frase do ciclista norte-americano Lance Armstrong resume o estado de espírito que move aventureiros como Clayton: “O sofrimento é passageiro, desistir é para sempre”.

Terremoto

Uma das situações mais difíceis que a equipe do Planeja Extremo enfrentou foi há alguns meses, no Nepal. Eles testemunharam um terremoto que dizimou algumas regiões do país e que provocou a morte de oito mil pessoas. Mais uma vez, a lição que fica é que coragem, determinação e vontade precisam ser aliadas também da unidade e da versatilidade. A próxima aventura do grupo que coloca telespectadores em cenários que jamais sonharam já tinha data para ocorrer, uma nova corrida de 250 quilômetros, desta vez no deserto do Atacama, no Chile, o ambiente mais seco do mundo.

Legenda

Natural de Itatiaia, na região de Rezende, Clayton desde criança descobriu e cultivou a sua paixão pelos mais diferentes esportes

(claytonpalestra)

Crédito: Fábio Conterno

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Patrocinadores

Os patrocinadores da edição de 2015 do Conexão Empresarial, organizada pela Uniacic, foram: Sicredi, Biovel, BRDE, Cascavel JL Shopping, Ecocataratas, Ibis Hotel, Gráfica Positiva, Sebrae e Unimed.

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