uploaded pictureRecursos financeiros podem ser comparados à engrenagens, que assim como em um motor, elas são responsáveis por produzirem movimentos, fazendo com que “máquinas” (empresas) possam funcionar. Para que qualquer negócio, independentemente do segmento, atue de forma competitiva no mercado, é fundamental que esteja com a sua saúde financeira “em dia” – seja para iniciar suas atividades, para manter sua atuação ou, ainda, expandir seu nicho  frente aos concorrentes. De forma resumida e bem simplista: sem dinheiro, no mundo dos negócios, sua permanência no mercado poderá estar com seus dias contados!

Sei que a frase pode ter soado um pouco radical demais e com um certo tom de “negatividade”, afinal de contas, ter uma boa reserva de caixa e recursos financeiros a disposição da empresa, é a realidade de poucos...E nós sabemos disso! Infelizmente boa parte dos negócios no Brasil vivem no limite de seus orçamentos, como chamamos popularmente de “ir empurrando com a barriga”. Segundo pesquisa realizada pelo SEBRAE, mesmo o país tendo hoje um expressivo crescimento do número de micro e pequenas empresas, as deficiências na gestão empresarial continuam presentes. Entre esses problemas estão a falta de aperfeiçoamento de produtos/serviços e a ausência de gestão financeira, principalmente do fluxo de caixa. E é exatamente em virtude dessas problemáticas, que muitos empresários acabam recorrendo a empréstimos precipitados, sem qualquer planejamento e orientação a longo prazo. Ações como esta não só comprometem o caixa da empresa, como na maioria das vezes, o próprio futuro do negócio. 

Quando o empréstimo é uma boa alternativa 

Como falamos anteriormente, o bom funcionamento da empresa está diretamente ligado à sua saúde financeira. Se as finanças da empresa não estiverem bem, isso provavelmente comprometerá o andamento futuro da organização, e, em alguns casos, inviabilizar a continuidade do empreendimento. O empresário precisa ter consigo um diagnóstico constante de como estão as finanças da organização: não importa o tamanho da empresa, esse diagnóstico precisa ser feito. Quando surge a ideia ou a necessidade de uma tomada de crédito, o empresário tem a necessidade de identificar para que será utilizado esse recurso. Ele será utilizado para cobrir contas vencidas ou em aberto? Será para capital de giro? Ou será para investimento? 

Vamos pontuar o que é cada um deles:

Contas em aberto ou vencidas são as responsabilidades financeiras já assumidas pela empresa,  e condicionadas ao pagamento em breve, ou, imediato. Caso a motivação da tomada do empréstimo seja para quitar dívidas, é sinal de que a saúde financeira da empresa já está prejudicada, provavelmente já está sem capital próprio para honrar seus compromissos e seu estoque  encontra-se também prejudicado. Tal situação provoca um comportamento de desespero no empresário que faz com que ele busque uma solução rápida ou imediata. E é aí que o “jogo” se torna perigoso. Lembre-se da armadilha de que soluções financeiras rápidas vêm quase sempre acompanhadas de juros muito altos, e ao entrar nesse jogo, o empresário pode comprometer de vez a viabilidade da empresa. É nesse momento de desespero, em encontrar uma solução, que o empresário assume prazos, valor de parcelas e pagamentos de juros que não conseguirá cumprir. Para evitar isso é preciso analisar os empréstimos a serem tomados, observando suas taxas de juros aplicadas e as melhores opções disponíveis de acesso ao crédito. 

Já o capital de giro é o valor que a empresa tem, ou, necessita para custear e manter suas despesas operacionais em dia, é a diferença entre o dinheiro que existe na empresa e o dinheiro que já está comprometido com as suas operações. Por vezes o empresário busca crédito para reforçar este capital e manter o funcionamento da operação da empresa. Se esta for a situação,  é necessário analisar o que o está levando a ter a perda do seu capital financeiro disponível: está vendendo menos? Está com muitas contas em aberto? Está com muito capital disponibilizado para pagamentos futuros com seus clientes? E depois refletir: existe estoque para ser transformado em dinheiro de forma rápida? Existem entradas futuras que sanarão ou melhorarão a situação operacional da empresa? Estas respostas demonstrarão o nível de urgência da busca deste empréstimo. Em caso de urgência, provavelmente o empresário cairá na armadilha explicada anteriormente. Caso esteja em um nível de tranquilidade ele terá a chance de fazer uma tomada de crédito mais ponderada e estudada, com parcelas que conseguirá cumprir, com prazo adequado e quem sabe, oferecer alguma garantia na busca de menores juros aplicados.

Se a busca de um empréstimo financeiro for para investimento, este tende a ser a justificativa mais indicada para a tomada de crédito. Buscar verbas financeiras para expandir, vender mais, ampliar produtos, adquirir equipamentos que otimizarão a produção ou mesmo o mercado de atuação, é sempre uma opção que deve ser considerada. Provavelmente, com a adoção deste recurso, a empresa terá uma saúde financeira saudável e haverá tranquilidade e tempo hábil para a escolha da melhor estratégia. De qualquer forma, independente da motivação pela busca do empréstimo financeiro, a análise da empresa e do empréstimo a ser obtido se faz necessária.

Cuidado com as soluções imediatas

Aqui talvez venha a melhor informação de toda a nossa conversa: Empréstimos disponibilizados facilmente, geralmente veem acompanhado de uma armadilha. Então, cuidado, pois tudo o que está disponível para o empresário como uma solução rápida, pronta e disponível vem acompanhada de maiores juros. Oferta de créditos rápidos, fáceis de serem acessados ou sem exigências de garantias sobre o pagamento, comumente vêm acompanhados de juros também mais altos, que, em sua maioria, extrapolam o que consideramos uma cobrança justa baseada no mercado comum de juros pagos por empréstimos financeiros. 

E a justificativa para tal, é simples: empréstimos que não exigem garantias, que não “amarram” totalmente o tomador do crédito ao cumprimento do proposto oferecem maiores riscos ao credor, pois uma parte destes acordos de empréstimos não são cumpridos por seus tomadores. Ao concordar com maiores riscos, o dono do capital tende a buscar um retorno maior que garanta a viabilidade do seu negócio financeiro e, ainda, cubra os custos dos maus pagadores que não cumprirão o acordado.  

Para compreender melhor segue aqui um exemplo simples: Por que a poupança paga pouco retorno para o investidor? Porque não tem risco! Você pode aplicar um dinheiro na poupança as 10:01 da manhã, e sacar as 14:59 do mesmo dia. Em contrapartida, por que investimentos de alto risco pagam mais como retorno? Porque existe uma chance deste retorno não ser garantido e existe a disposição do investidor em aceitar esse risco. O empresário precisa estar atento: facilidade de crédito envolve maior custo de juros sobre esse empréstimo e o contrário também é verdadeiro: créditos mais amarrados, com exigências de garantias de pagamento são mais difíceis de serem tomados, mas exigem juros menores, ou seja, menor custo sobre o empréstimo.

Um empréstimo mal sucedido pode comprometer o futuro do negócio? 

Com certeza! Todo esforço na atividade empresarial deve ter a capacidade de gerar retorno, e créditos mal tomados comprometem esse retorno devido aos seus altos custos de aquisição e manutenção. Em momentos de estagnação e crise econômica na qual as empresas estão atuando, com maiores custos de operação, com redução em suas vendas e até reduzindo margem de lucro sobre seus produtos o comprometimento do negócio é ainda mais preocupante. Toda busca de capital financeiro de terceiro a ser utilizada pela empresa, precisa ter uma finalidade clara e ter a capacidade de gerar uma solução. Se esta solução não puder ser gerada, provavelmente o endividamento da empresa será ainda maior e a consequência muitas vezes será a inviabilização da organização e o fim da atividade empresarial.

Dicas de como conquistar a saúde financeira na sua empresa

- Primeira regra de finanças: dinheiro tem valor no tempo. Esta regra afirma que caso o empresário tenha capital financeiro na empresa, isso lhe trará vantagem competitiva em suas vendas e em suas compras. E caso esteja descapitalizado e necessite buscar capital financeiro, esta busca exigirá uma capitalização, um retorno e comprometerá algum valor financeiro gerado pela organização.

- O estoque é o capital líquido e certo da empresa, é o capital financeiro da empresa apresentado na forma de produto. Empresário que não olha para seu estoque e não vê dinheiro aplicado ali, não toma a atenção devida. Um exemplo: se eu pedisse R$10.000,00 emprestado neste momento para você, você me emprestaria facilmente? Digo que não, pois vemos no dinheiro algo de grande valia e que precisa ser prezado. Com certeza você dirá que tem um plano para esse valor, ou irá querer saber exatamente quanto devolverei, ou ainda que garantias darei sobre essa devolução. E quanto ao seu estoque? Ao realizar uma venda a prazo você tem essa mesma prudência? O mesmo zelo? Faz as mesmas perguntas? Ver dinheiro na forma de estoque gera ações mais seguras diante da venda.

- Existem dezenas de empresas que vendem muito e passam por dificuldades e existem tantas outras que vendem menos e estão com suas finanças em dia e se desenvolvendo. O segredo está em saber vender, selecionar bem seu cliente e buscar constantes melhorias na concessão de crédito da empresa (pois é ali que na maioria das vezes as empresas se perdem, ou seja, possuem uma carteira de contas a receber muito grande, e consomem o seu capital de giro e que podem facilmente não ser sustentada pela capacidade financeira da empresa) que gerem mais segurança e garantias de pagamento. Se isso não ocorrer, o capital de giro, essencial para que a empresa opere diariamente estará comprometido. Um dos sinais de que a empresa está saudável é ele ter um capital de giro suficiente para manter suas operações, se não for assim, entenda esse sintoma como um sinal de alerta ligado para algo mais grave que pode surgir.

- E por fim, especialidades como assessoria contábil, assessoria fiscal ou assessoria de TI são normalmente adquiridas pelas organizações. Buscar assessoria administrativa e financeira de especialistas na área é de grande valia na orientação e formação de estratégias empresariais se tornando uma grande ferramenta de desenvolvimento das organizações.

Busque ajuda especializada

Não somos e não conseguimos ser especialistas em tudo. Quem busca compreender tudo, provavelmente não conhece profundamente nada. O empresário precisa ter um aparato de competências para uma boa gestão da organização, mas dominar todas as especialidades é algo muito difícil. Então não há problema em o empresário reconhecer limitações de conhecimento em algumas áreas. Buscar a orientação de um especialista em administração e finanças é o mesmo que buscar um especialista em TI para uma melhor gestão de software de operação na empresa. Existe até um constrangimento em o empresário reconhecer que não domina algumas áreas do mercado financeiro, mas isso não é um problema real. O empresário precisa ser especialista em sua área de mercado, em seu produto ou serviço e não em tudo. Problema é não buscar a melhor solução ou não consultar alguém que conseguirá de fato auxiliá-lo nessa questão.

+ Orientação ao Crédito

Com atendimento personalizado, o novo canal da ACIC busca, identifica, encaminha e acompanha o associado junto às instituições financeiras. Sendo elas: Banco do Brasil, Sicoob, Sicredi, Caixa Econômica, Banco da Mulher, Fomento Paraná, BRDE e Garantioeste.

Se você precisa de crédito, não perca essa oportunidade. Além das linhas de crédito, o Sicoob e Garantioeste oferecem outras vantagens aos associados ACIC

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                


uploaded picture

Participação e contribuição para o artigo

Eduardo Berndt  

Especialidade: Professor e Administrador (UNIOESTE);

Especialista em Gestão Empresarial (FALURB);

Especialista em Negociação (PUC-PR). Especialista em Neurociências e Comportamento (PUC- RS).Atua como profissional e consultor no varejo há mais  de 15 anos nas áreas de concessão de crédito, negociação e cobrança. Sócio proprietário da empresa E B Treinamentos Empresariais.


23/02/2021 - Viviana Durante