É inevitável, em algum momento já deve ter passado pela sua cabeça aquela vontade, aquele anseio em ser o seu próprio “chefe”, ser o dono do próprio “nariz”, “caminhar com as próprias pernas” ... e por aí vai. Os dizeres e referências sobre o assunto são inúmeros, atraindo novos olhares e a atenção de diferentes pessoas, todos os dias.
E, de fato, se pensarmos por esse lado, a proposta soa de forma quase que irrecusável. Afinal, quem não quer ter autonomia dos seus processos, liberdade de horários e fazer a própria rotina de trabalho? Imagine então delegar atividades, ao invés de receber ordens? Tentador, não é mesmo?! O sonho de muitos!
Mas, cabe aqui um alerta: no mundo do empreendedorismo, nem tudo que “reluz, é ouro”! A frase pode até ser clichê, mas define perfeitamente o sentimento de diversos empresários que ao se depararem com os primeiros obstáculos, no mercado competitivo, se veem sem saber para onde “correr”, que caminho seguir. Cá entre nós, se tudo fosse fácil, como parece, todos já seríamos empreendedores de sucesso, há muito tempo. Concorda?!
Então, se você está pensando em dar o ponta pé inicial no seu negócio, e usufruir de todas as vantagens que esta condição pode te oferecer no futuro (que, diga-se de passagem, não são poucas), tenha em mente que existe um longo caminho pela frente, e que ele deve ser explorado de forma inteligente e criteriosa, com foco em resultados e visão sistêmica sobre o mercado.
Em poucas palavras, a regra é simples: o sucesso de uma empresa (independentemente do segmento que está inserida) não segue uma receita infalível, mas, conhecer alguns passos que compõe o seu processo é fundamental. Vamos acompanhar cada um deles?
1- Defina um modelo de negócio
A escolha do que abrir, como e onde são fundamentais para a sobrevivência do negócio. A primeira pergunta a ser feita é: Qual é a necessidade real dos clientes por um produto ou serviço? Nesta pergunta, você deve se atentar em não abrir um negócio baseado no seu desejo - a exemplo: adoraria montar uma loja de moda feminina, porque adoro comprar roupas e tenho uma leitura que todos compram o que está na moda. Neste quesito, reside alguns riscos que precisam ser mitigados. É necessário identificar profundamente se esta “minha” necessidade de fato, é uma necessidade comum entre outras pessoas. Uma boa forma é realizar uma pesquisa, fazer uma investigação de forma organizada para conhecer os hábitos dos consumidores, e se não há inúmeros outros negócios oferecendo esta solução.
Portanto, respondendo à pergunta, a escolha do segmento é aquela onde terei maior possibilidade de êxito, onde existe maior potencial de clientes, seja por meios tradicionais físicos, como também, no on-line com olhar para o mercado digital (e-commerce e outras formas).
Neste quesito deve-se cuidar com segmento de modismo, que pode ser um risco maior. Temos um exemplo clássico que foi o surgimento das “paletas mexicanas” um jeito diferente de fazer os picolés, com um padrão e marketing diferenciado. Os primeiros que abriram neste setor tiveram razoável sucesso, porém poucos meses depois, surgiram dezenas de negócios semelhantes e muitos quebraram.
É o que vemos hoje acontecendo com o negócio de Açaí, abriram dezenas nos últimos 18 meses... E ai vem a dúvida: destes, quantos irão sobreviver? Pois quando temos muitos entrantes fazendo a mesma coisa, a tendência é cair o preço e se perder a capacidade de competitividade no mercado.
Então, aí vai uma dica importante: gaste muito tempo e energia pesquisando, identificando, analisando, visitando e ouvindo antes de definir um segmento de mercado!
2-Tenha planejamento
O erro mais comum entre os novos empresários é começar o negócio e somente depois de perceber os problemas, realizar o planejamento. Na maioria das vezes, neste momento, já é tarde demais! O ideal então é sempre planejar as etapas anteriores e posteriores à execução.
Outro erro comum é fazer contas simples de ganho, que não se transformam em realidade.
Por exemplo:
Compro a matéria prima por R$ 10,00, coloco 100% de margem e vendo por R$ 20,00 tendo R$ 10,00 de “lucro”. Este equívoco é primário entre novos empreendedores. Deve-se levar em conta que para qualquer negócio, a parte financeira precisa considerar os seguintes pontos:
- Valor real líquido vendido: será que devo vender meu produto por R$ 20,00? Por quanto ele é vendido na concorrência? Precisarei dar desconto? – digamos que com desconto e com análise da concorrência, eu o vendo por R$ 18,00;
- Custos variáveis: o custo da mercadoria (já sabido – R$ 10,00); porém, neste cálculo deve-se de incluir: valor investido em embalagens, frete, impostos, comissões etc;
- Custos fixos para rateio: Luz, água, telefone, internet, contador, propaganda, materiais de escritórios, taxas, custos financeiros, salários, pró-labore, etc. Ou seja, os R$ 10,00 (100% de ganho), pode se transformar em R$ 2,00; R$ 3,00 ou, até mesmo, virar em prejuízo.
Outro pecado comum é o empreendedor de primeira viagem não compreender o que é salário e o que é pró-labore (que é o ganho do dono do negócio), pago depois que ele começa a dar lucro.
Caso o pró-labore seja pago antes mesmo da empresa começar a apresentar resultados positivos, pode -se acelerar o seu prejuízo. Ou seja, se montei uma empresa para ter rentabilidade e não tenho capital de giro para suportar 3, 6, 8 meses ou mais, já começo de forma equivocada e, neste momento, entra o desespero e um erro comum entre os iniciantes, que é cair na armadilha de financiamentos paralelos (com agiotas, familiares e outras formas informais que certamente causarão o seu endividamento futuro).
3- Fique atento às margens de risco
É comum que empresas criadas de impulso, sem orientação, venham ter uma vida curta, podendo chegar a triste margem de mais de 70% de fechamento antes mesmo de completarem o seu primeiro ano de existência.
Para diminuir esta estatística, se faz necessário um bom planejamento prévio, contando com o apoio de profissionais e de soluções qualificadas. Além é claro, de estar sempre atento (a) e fazer buscas frequentes por informações no mercado concorrente. Mesmo tomando todos esses cuidados, precisamos alertar ainda que não há negócio com garantia total de êxito, porém é possível elevar o patamar anterior de 30% para 60% a 70% de sobrevivência.
4- Não esqueça da parte burocrática
O primeiro passo, dependendo do que vai abrir, é conhecer o Plano Diretor da prefeitura para este ramo de negócio; fazer uma pesquisa prévia: “Será que posso montar uma marcenaria para fabricar umas mesas e cadeiras no fundo do quintal de casa?” A resposta provável será NÃO! Pois trata-se de uma atividade que gera poluição sonora e ambiental, logo, o alvará não será concedido. O segundo passo é buscar / escolher um contador, que possa te ajudar com todas as etapas de abertura do negócio e na sequência te atender nas necessidades contábeis e fiscais; com exceção se você for um MEI, onde não necessitará de um contador, pois o processo é simplificado.
5- Empreender com poucos recursos financeiros, é possível?
Se a oportunidade é real, se tenho uma dor de muitos para aliviar, recursos financeiros não serão suas maiores dificuldades, pois existe uma figura no mercado, denominado “investidor anjo” que sempre está atento ao surgimento de um empreendedor com uma boa ideia para que ele invista, seja como financiador ou mesmo, como sócio do negócio.
Há ainda, pequenos modelos que se iniciam com poucos recursos, a exemplo: Serviço de conserto de computadores ou celulares; Salão de beleza; Barbearia; etc... porém sempre reforçando a máxima repetida por aqui várias vezes: qual o perfil do seu cliente? Qual o seu diferencial competitivo? Ter essas respostas em mente, é indispensável antes de qualquer iniciativa.
6- Busque ajuda especializada
O apoio da ACIC, por meio das suas soluções aos empresários, foram pensadas exatamente para encurtar o tempo de abertura e também para apoiar nos questionamentos anteriormente discutidos neste artigo.
No PA+, o novo empreendedor conta com toda orientação e informação a respeito dos processos de abertura do seu negócio, tais como:
- Diagnóstico inicial;
- Modelo de negócio;
- Informações sobre linhas de crédito;
- Orientações sobre dúvidas empresariais;
- Soluções da ACIC.
7- Cinco motivos para dar o primeiro passo e abrir o próprio negócio
Se vai abrir uma empresa, procure por uma oportunidade real percebida e não por mera necessidade básica de sobrevivência. Se o caso for por necessidade, talvez um emprego seja melhor. Mas, se o que você busca é oportunidade, é aqui que os empreendedores navegam, sempre conectados em satisfazer clientes, pois estes são os que remunerarão o capital investido e poderão gerar ganhos (lucros).
Os motivos são:
1. Atender uma necessidade real de mercado (uma dor percebida por muitos clientes);
2. Oferecer um produto ou serviço que gere satisfação aos clientes;
3. Realização pessoal, por oferecer um negócio que está conectado a uma oportunidade;
4. Ter independência de meus atos e decisões;
5. Como consequência: Ganhar dinheiro.
Para finalizarmos o artigo de hoje, caro leitor e futuro empreendedor de sucesso, gostaríamos de compartilhar com você o relato de um empresário aqui da nossa região, o sr. Carlos Guedes. Em anos de atuação, o convidado traz em sua bagagem muito conhecimento de mercado aliado a experiências construtivas para quem está pensando em abrir o próprio negócio. Veja o que ele tem para nos contar sobre o instigante desafio de empreender...
“Eu já tive a experiência de abrir doze empresas; destas, cinco vendi, quatro fechei e mantenho três na atualidade. O que aprendi e que gostaria de dividir com você, que está pensando em começar neste meio, é que empreender está no jeito de encarar o mundo, de ser inquieto, de querer fazer diferente. Tinha e tenho uma característica marcante que é a capacidade de correr riscos; porém tive que aprender que não basta ser corajoso, precisa saber analisar profundamente o risco que correrei e calcular os seus impactos. Aprendi que planejar cada etapa do processo faz com que o risco seja menor. Que utilizar-me da rede de contatos, ajuda nos negócios. E tem duas características que são marcantes nos empreendedores de sucesso. A primeira é a capacidade incrível de estabelecer metas para seu negócio, deixando claro quanto quer de lucro ao final da operação, aliado ao elevado grau de comprometimento com a empresa. Ou seja, se for preciso trabalhar 10, 12, 18 horas por dia para alinhar o seu negócio e buscar atingir as suas metas, assim ele fará, sem pedir licença para ninguém. Fará, pois, ele acredita na sua capacidade de criar algo, ao seu jeito, a sua maneira; pois é apaixonado pelo negócio e pelo que faz”.
Participação e contribuição para este artigo
Carlos Guedes Especialista em Marketing, Gestão Estratégica e Pequenos negócios;
Consultor empresarial por 25 anos nas éreas de Gestão Estratégica, Empreendedorismo e Liderança empresarial;
Empresário: Diretor da Nexu´s Desenvolvimento Humano e da Obrasat.com.br – E-commerce materiais de construção.
Atuação: Diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Acic;
Vice Presidente da FACIAP e Co-coordenador da ACICLabs – Aceleradora e Hub de Inovação.
15/02/2021 - Viviana Durante