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Grolli mostra força do agronegócio brasileiro

A força e a importância do agronegócio para a economia brasileira foi o tema central das discussões da reunião empresarial da ACIC realizada na noite de quinta-feira na sede administrativa da Sociedade Rural do Oeste, entidade promotora da 24ª Expovel. O assunto foi apresentado pelo vice-presidente da ACIC para Assuntos da Agricultura e diretor-presidente da Coopavel, Dilvo Grolli.
Grolli abriu a apresentação citando alguns números para dimensionar o setor: o agronegócio responde por 30% do capital de giro em circulação na economia nacional, gera 33% dos empregos, ultrapassando em volume a construção civil, e é responsável por 41% das exportações. “De cada R$ 10 do Produto Interno Bruto, o agronegócio movimenta R$ 3”, ressaltou. A economia brasileira deve crescer de 0,8% a 1% em 2003 contra 7% da cadeia agropecuária – na propriedade rural a expansão ultrapassa os 25%.
A boa fase do agronegócio é explicada por diversos fatores, como o crescimento da população mundial, a elevação dos níveis de renda em alguns países, pela redução dos estoques e pelo fato de o produto agropecuário estar valorizado no comércio internacional. Um número explica isso, segundo Grolli: a produção de grãos do planeta na safra 1999/2000 foi de 1,351 bilhão de toneladas contra 1,345 bilhão de toneladas em 2002. O mundo está colhendo menos e o Brasil desponta favoravelmente na recuperação deste cenário.
Ao contrário da Rússia e do Canadá, nações gigantes mas com pouca terra para plantio e de clima frio, da China que produz bem mas tem 1,3 bilhão de pessoas para alimentar e dos Estados Unidos, campeões mundiais em produção de soja mas com suas fronteiras agrícolas esgotadas, o Brasil tem 90 milhões de hectares agricultáveis ainda intocados. Na safra 1990/91, o Brasil cultivou 37 milhões de hectares e colheu 57 milhões de toneladas e agora são 43,9 milhões de hectares e 122 milhões de toneladas.
Caso o ritmo de crescimento ao patamar de 7% ao ano for mantido, o País chegará a 180 milhões de toneladas colhidas em 2010 e a 532 milhões em 2025, usando então 133 milhões de hectares. Isso sem contar que o Brasil poderá plantar grãos em parte dos 215 milhões de hectares atualmente destinados à pecuária, resultado de novas tecnologias que colocam mais animais em uma mesma área de terra.
O Sul, citou Grolli, responde por 49% da safra de grãos nacional e é o principal produtor de milho, de trigo, de frango, de feijão, segundo em soja, o terceiro em leite e suíno e nono em bovinos. O Paraná, em função do clima, da topografia, da mão-de-obra qualificada e do avanço da agroindústria, leva enorme vantagem sobre as novas fronteiras agrícolas nacionais, que são muitas e promissoras.
O mercado externo é o destino de parte considerável dos grãos e da carne nacional, mas poderá ser ainda maior em função do baixo custo de produção, principalmente no que se refere à mão-de-obra, em comparação com os Estados Unidos e Europa. E isso acentua-se principalmente na produção de aves, leite e carne bovina. O sinal de empreendedorismo do agricultor brasileiro está também em decisões como a de exportar trigo, o que para muitos era considerado como pouco provável até há alguns meses em função de o Brasil produzir metade de suas necessidades de consumo.
Renda deve crescer na proporção da produção
O empresário Celso Pessoa, sócio da Granoeste Corretora de Cereais e Sementes, comentou os dados apresentados por Dilvo Grolli durante a reunião empresarial da ACIC e fez um alerta: a renda mundial deve crescer na mesma proporção da produção a fim de evitar um estrangulamento no setor. O combate a esse suposto impasse pode ser resolvido com a adoção de medidas simples mas de eficiência comprovada, porém exigem vontade e determinação política.
Celso informou que os números apresentados por Grolli não deixam dúvidas de que o Brasil está caminhando para ser um líder mundial na produção de grãos. Os agropecuaristas dão sinais freqüentes de sua competência, mas essa mesma agilidade não é apresentada pelo governo, a quem cabe criar estruturas e logística para o escoamento dessas riquezas, observou. As lideranças do setor precisam pressionar as autoridades para evitar riscos nesse campo, segundo o empresário.
A definição de uma política agrícola duradoura e coerente ainda é um conceito à espera da consolidação. “O agricultor e o pecuarista precisam ter segurança e garantias para poder produzir mais e com melhor qualidade, porque essa é a grande alavanca da economia brasileira”, afirmou. Celso Pessoa também lembrou o período de sobrevalorização da moeda brasileira, que tantos problemas trouxe à exportação, e os reflexos sentidos a partir de 1999 com alterações e equilíbrio na política cambial.
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