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Taxa de juros norte-americana vai indicar a agressividade da inflação

A pandemia e a guerra são fatores preocupantes com consequências de longo prazo, mas o que vai definir com mais peso a agressividade da inflação e o tamanho das dificuldades às quais o mundo enfrentará nos próximos anos é a taxa de juros norte-americana. “Quanto maior for o percentual, maiores serão os impactos”, disse quinta à noite, na Acic, o economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, convidado pela associação comercial, Center Investimentos e XP Investimentos para falar de Eleições, guerra e a economia do Brasil em 2022.

Economista com passagens por grandes instituições financeiras, Ivo fez uma recuperação dos principais movimentos econômicos do mundo devido à pandemia, um dos cenários que levaram os Estados Unidos a ter a sua maior inflação dos últimos 40 anos. “O coronavírus veio e tirou todos da tomada. Muitos perderam sua capacidade de renda e os governos precisaram agir”. Nos Estados Unidos, o governo enviou cheques pelos correios e no Brasil houve um pacote de ajuda a trabalhadores e a empresas. O consumo cresceu, e com lockdowns e falta de matérias-primas, os preços subiram.

A taxa de juros era de 2% nos Estados Unidos antes da pandemia e com a crise sanitária foi zerada. Com a inflação, o banco central norte-americano já sobe os percentuais, que Ivo acredita que chegarão aos 3,5% ao ano. “Quanto mais alta a taxa, pior para o mundo. Quanto mais baixa, menos vamos sofrer”, citou Ivo Chermont, lembrando que a elevação dos custos da energia e do petróleo também contribuem com impactos diretos nesse panorama. A guerra entre Rússia e Ucrânia é o ingrediente novo e já lança novos desafios no tabuleiro econômico mundial.

Brasil

A situação no Brasil foi parecida, com Selic a 2% antes da pandemia e agora com sinalização que pode encostar nos 13,75% ao ano. A dívida brasileira cresceu e hoje chega a 80% do PIB. A previsão para 2022 é de inflação acima de 7,5%, taxa de juros em alta e Produto Interno Bruto perto de zero. Essa é uma conjugação de fatores que influencia o cenário eleitoral, principalmente considerando que a saúde econômica conta muito, em ano de eleições, ao candidato que busca a reeleição. Ivo afirmou não acreditar na terceira via e que, diante das circunstâncias, Lula tem mais chances de sucesso nas urnas do que Jair Bolsonaro.

Independentemente de quem vier a vencer, o ano de 2023 exigirá ajustes sérios nas contas públicas, tarefa que precisará contar também com a ajuda do Congresso. O momento, segundo Ivo, é de inflação alta, desorganização nas contas, famílias retraídas, menos investimentos e empregos. E, para piorar, 95% da arrecadação pública estão comprometidos, permitindo margem mínima de ajustes ao governo em direção a qualquer movimento de retomada econômica. O encontro empresarial da Acic foi conduzido pelo presidente Genesio Pegoraro e pelo CEO da Center Investimentos, Jocimar Correia.

Legenda: Ivo fala a empresários e a convidados em reunião híbrida da Acic (presencial e virtual)

Crédito: Assessoria

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